Usabilidade

10 10 2007

Definição

Actualmente são muitas as definições de usabilidade que podem ser encontradas na web. Qualquer pessoa que esteja a navegar pela internet (como o teu caso) pode não saber qual das diferentes definições que vai encontrando ser a mais correcta.Ora, resulta difícil poder dar uma definição muito concreta sobre este termo. Mas esta pode, com certeza ser a que mais se adapta a tudo: usabilidade define-se coloquialmente como a facilidade de utilização, quer seja de uma página web, uma aplicação informática ou qualquer outro sistema que interaja com o utilizador.
Mas para versões mais aprofundadas e empiricas sempre podemos aceder às definições formais:
A Internacional Standard Organization (o que faz esta organização ? ISO) dispõe de duas definições de usabilidade:

ISO/IEC 9126:

“A usabilidade refere-se à capacidade de um software de ser compreendido, aprendido, utilizado e ser atractivo para o utilizador, em condições específicas de utilização”
Esta definição faz ênfase nos atributos internnos e externos do produto, os quais contribuiem à sua usabilidade, funcionalidade e eficiência. A usabilidade depende não só do produto mas também do utilizador. É por esta razão que um produto não em nenhum caso intrínsecamente usável, ele só terá a capacidade de ser utilizado num contexto particular e por utilizadores particulares. A usabilidade não pode ser valorada estudando um produto de forma isolada (Bevan, 1994).

ISO/IEC 9241:

Definição centrada no concepto de qualidade de utilização, isto é, refere-se a como o utilizador realiza tarefas específicas em cenários específicos com efectividade.” Usabilidade é a efectividade, eficiència e satisfação com a que um produto permite atingir objectivos específicos a utilizadores específicos num contexto de utilização específico”.

Principios a serem seguidos:

1. Antecipação, o web site deve antecipar-se às necessidades do usuário.

2. Autonomia, os usuários devem ter o controle sobre o web site. Os usuários sentem que controlam um web site se conhecem sua situação em um meio abrangente, mas não infinito.

3. Há que utilizar as cores com precaução para não dificultar o acesso aos usuários com problemas de distinção de cores (aprox. um 15% do total).

4. Consistência, as aplicações devem ser consistentes com as expectativas dos usuários, ou seja, com sua aprendizagem prévia.

5. Eficiência do usuário, os web sites devem centrar-se na produtividade do usuário, não no próprio web site. Por exemplo, às vezes as tarefas com maior número de passos são mais rápidas de realizar para uma pessoa que outras tarefas com menos passos mas mais complexas.

6. Reversibilidade, um web site há de permitir desfazer as ações realizadas

7. Lei de Fitts indica que o tempo para alcançar um objetivo com o mouse está em função da distância e do tamanho do objetivo. A menor distância e maior tamanho mais facilidade para usar um mecanismo de interação.

8. Redução de tempo de latência. Torna possível otimizar o tempo de espera do usuário, permitindo a realização de outras tarefas enquanto se completa a prévia e informando ao usuário do tempo pendente para a finalização da tarefa.

9. Aprendizagem, os web sites devem requerer um mínimo processo de aprendizagem e devem poder ser utilizados desde o primeiro momento.

10. O uso adequado de metáforas facilita a aprendizagem de um web site, mas um uso inadequado destas pode dificultar enormemente a aprendizagem.

11. A proteção do trabalho dos usuários é algo prioritário, deve-se assegurar que os usuários nunca percam seu trabalho por conseqüência de um erro.

12. Legibilidade, a cor dos textos deve contrastar com a do fundo, e o tamanho de fonte deve ser suficientemente grande.

13. Continuação das ações do usuário. Conhecendo e armazenando informação sobre seu comportamento prévio deve-se permitir ao usuário realizar operações freqüentes de maneira mais rápida.

14. Interface visível. Deve-se evitar elementos invisíveis de navegação que há de ser inferidos pelos usuários, menus desdobráveis, indicações ocultas, etc. Outros princípios para o design de web sites são:

a) Os usuários devem ser capazes de alcançar seus objetivos com um mínimo esforço e com resultados máximos.

b) Um web site não pode tratar o usuário de forma hostil. Quando o usuário comete um erro o sistema deve solucionar o problema, ou por padrão sugerir varias soluções possíveis, mas não emitir respostas que meramente informem do erro culpando o usuário.

c) Em nenhum caso um web site pode ir abaixo ou produzir um resultado inesperado. Por exemplo, não devem existir links quebrados.

d) Um web site deve se ajustar aos usuários. A liberdade no uso de uma web site é um termo perigoso, quanto maior for o número de ações que um usuário possa realizar, maior será a probabilidade que cometa um erro. Limitando o número de ações ao público objetivo facilita-se o uso de um web site.

e) Os usuários não devem sofrer sobrecarga de informação. Quando um usuário visita um web site e não sabe por onde começar a ler, existe sobrecarga de informação.

f) Um web site deve ser consistente em todos os passos do processo. Embora possa parecer apropriado que diferentes áreas tenham designs diferentes, a consistência entre os designs facilita ao usuário o uso de um site.

g) Um web site deve prover de um feedback aos usuários, de maneira que estes sempre conheçam e compreendam o que acontece em todos os passos do processo.

Medição

O conjunto de atributos representando a usabilidade evidencia o esforço necessário para a utilização de um software. Da mesma forma é considerado o julgamento individual de seu uso através de um conjunto implícito ou explícito de usuários (Avouris, 2001). Para tanto, os critérios de medição da característica de usabilidade estabelecidos pela norma ISO 9241 reflete na:

-análise das características requeridas do produto num contexto de uso específico;
-análise do processo de interação entre usuário e produto;
-análise da eficiência (agilidade na viabilização do trabalho), da eficácia (garantia da obtenção dos resultados desejados) e da satisfação resultante do uso desse produto.

Testes de Usabilidade e Avaliações de Ergonomia

O teste de usabilidade é uma técnica formal que pode envolver usuários representando a população alvo para aquele determinado sistema. Estes usuários são designados para desenvolver tarefas típicas e críticas havendo com isso uma coleta de dados para serem posteriormente analisados. Contudo o teste de usabilidade caracteriza-se por utilizar diferentes voltadas em sua maioria para a avaliação da ergonomia dos sistemas interativos.

-Avaliação Heurística;
-Critérios Ergonômicos;
-Inspeção Baseada em Padrões, Guias de Estilos ou Guias de Recomendações;
-Inspeção por Checklists;
-Percurso (ou Inspeção) Cognitivo;
-Teste Empírico com Usuários.
Entrevistas e Questionários

Algumas técnicas de avaliação para testes de usabilidade podem incluir uma lista de métodos que direciona os esforços dos usuários em realizar uma variedade de tarefas em um protótipo ou sistema. Enquanto realiza estas tarefas ele é observado por inspetores que coletam dados referentes aos processos de interação do usuário, incluindo erros cometidos pelo usuário, quando e onde eles confundem-se ou se frustram, a rapidez com a qual o usuário realiza a tarefa, se eles obtêm sucessos na realização da tarefa e a satisfação do usuário com a experiência.
Entretanto, testes de usabilidade que envolve usuários reais nos procedimentos de interação transformam-se em um procedimento mais oneroso e complexo. A utilização de heurísticas, por exemplo, permite identificar erros mais sérios e difíceis de serem identificados. Mas estudos apontam que a utilização conjunta de ambos os processos, aplicação de heurísticas e testes de usabilidade, é a melhor abordagem de investigações de usabilidade.

Engenharia de Usabilidade

A Engenharia de Usabilidade é uma abordagem de projeto de sistemas onde são utilizados vários níveis de usabilidade especificados quantitativamente numa etapa anterior ao seu desenvolvimento e tendo como objetivo a tomada de decisões de engenharia que vai ao encontro das especificações através de medidas chamadas métricas.
Trata-se, portanto, de uma abordagem metodológica e de natureza científica de produção que objetiva a entrega de um produto usável ao usuário. Para isso utiliza métodos para agrupar requerimentos, desenvolver e testar protótipos, avaliar projetos alternativos, analisar problemas de usabilidade, propor soluções e testes com usuário (Garner, 2003). Preece (1994) apresenta uma lista de etapas que descreve a seqüência do processo de engenharia de usabilidade:

-definir objetivos de usabilidade utilizando métricas;
-especificar níveis de usabilidade planejados que precisam ser alcançados;
-analisar o impacto de possíveis soluções de projeto;
-incorporar retorno derivado do usuário no processo de projeto;
-iterar através do ciclo “projeto-avaliação-projeto” até que os níveis planejados sejam alcançados.

Norma ISO 13407 – Projeto centrado no usuário

O paradigma de desenvolvimento de uma interface com o usuário deve permitir a realização de sucessivos ciclos de “análise  concepção  testes”, com a necessária retro-alimentação dos resultados dos testes, de um ciclo a outro. A estratégia consiste em, a cada ciclo, identificar e refinar continuamente o conhecimento sobre o contexto de uso do sistema e as exigências em termos de usabilidade da interface. Na seqüência dos ciclos se constroem versões intermediárias da interface do sistema que são submetidas a testes de uso, em que os representantes dos usuários simulam a realização de suas tarefas. Inicialmente eles participarão de simulações “grosseiras”, usando maquetes, mas, com o avanço do desenvolvimento, eles recorrerão a protótipos e versões acabadas do sistema, em simulações mais e mais fidedignas. O objetivo é avaliar a qualidade das interações e levar em conta os resultados dessas avaliações para a construção de novas versões das interfaces. Se implementada desde cedo no desenvolvimento, tal estratégia pode reduzir o risco de falhas conceituais do projeto, garantindo que, a cada ciclo, o sistema responda cada vez melhor às expectativas e necessidades dos usuários em suas tarefas. (Cybis, Betiol & Faust, 2007)

Referências

Cybis, W.A, Betiol, A.H. & Faust, R, Ergonomia e Usabilidade – Conhecimentos, Métodos e Aplicações . Novatec Editora. ISBN 978-85-7522-138-9.
ISO (1999). ISO 13407: Human-centred design processes for interactive systems. Gènève: International Standards Organisation.
ISO (1997). ISO 9241-11: Ergonomic requirements for office work with visual display terminals (VDTs). Part 11 — Guidelines for specifying and measuring usability. Gènève: International Standards Organisation.
Mayhew, D.J. (1999). The usability engineering lifecycle: a practitioner’s handbbok for user interface design. San Francisco: Morgan Kaufmann.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Usabilidade